Acolher alguém que está vivendo um luto é um dos atos mais humanos que podemos oferecer, sobretudo quando a perda rompe rotinas, vínculos e a estrutura emocional de quem fica. Em um momento em que conselhos rápidos pouco ajudam, presença e escuta tornam-se o principal instrumento de cuidado. Para o psicólogo clínico Luti Christóforo, “o que mais acolhe uma pessoa em luto não são palavras certas, mas a certeza de que ela não precisa carregar essa dor sozinha”.
O luto nunca acontece da mesma forma para duas pessoas. O vínculo que existia, a história compartilhada e até o temperamento influenciam diretamente na forma como cada um sente e expressa a perda. Por isso, acolher alguém exige respeito ao tempo emocional, silêncio quando necessário e abertura para que a pessoa possa chorar, lembrar e se recolher sem julgamentos. Segundo Luti, “o papel de quem acolhe é criar um espaço seguro onde a dor possa existir sem ser apressada, corrigida ou interrompida”.
Evitar frases prontas é outro ponto central. Expressões como “não chore”, “seja forte” ou “isso vai passar logo” podem soar bem-intencionadas, mas invalidam o sofrimento. Um acolhimento real acontece por meio de frases simples e empáticas, como “eu estou aqui”, “você não precisa enfrentar isso sozinho” ou “quando quiser falar, eu te escuto”. Essas mensagens reconhecem o tamanho da perda e dão sustentação emocional.
Ao contrário do que muitos imaginam, as fases do luto não seguem uma ordem fixa. A pessoa pode oscilar entre tristeza profunda, irritação, culpa, silêncio prolongado e momentos de aparente normalidade. Isso é parte natural do processo, e o apoio afetivo funciona como uma base segura. “O luto não é apenas perder alguém querido, é perder um papel, uma rotina, um lugar emocional. Validar essa ruptura é essencial para que a pessoa consiga se reorganizar por dentro”, destaca o psicólogo.
Pequenos estímulos de autocuidado, dormir melhor, comer algo leve, caminhar ou conversar com alguém de confiança, ajudam a manter um mínimo de energia psíquica, desde que propostos de forma cuidadosa e sem pressão. O acolhimento também pode incluir ajuda prática, como acompanhar em tarefas burocráticas ou simplesmente estar por perto nos momentos em que a ausência pesa mais.
Outro gesto importante é permanecer presente ao longo das semanas. Após os primeiros dias da perda, o suporte geralmente diminui, mas o luto continua. A continuidade dessa presença faz diferença. Para Luti, o processo também envolve transformar a dor em memória: “o vínculo não desaparece, ele muda de forma. Quando a dor é acolhida, ela começa a se transformar em saudade com significado, e não em sofrimento solitário”.
Acolher alguém em luto é, acima de tudo, oferecer um espaço onde a dor possa ser sentida, reconhecida e, aos poucos, integrada à vida. É caminhar junto até que a intensidade diminua e a pessoa reencontre a própria força emocional, no tempo que for necessário.
Serviço: Luti Christóforo
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